Em 1925, André Gide publicou na importante revista literária La Nouvelle Revue Française, que ajudou a fundar em 1908, uma história a que chamou Os Moedeiros Falsos. A sua obra mais extensa, e a única a que deu o nome de romance, Os Moedeiro Falsos destacou-se desde logo pela sua complexidade e amplitude de enredo em relação à restante obra do autor francês.
Os Moedeiros Falsos conta a história de um grupo de jovens com ambições literárias, que se deixa influenciar pelo conde de Passavant, uma figura de moral duvidosa em torno da qual orbitam estes talentos promissores. Um romance dentro de um romance, Os Moedeiros Falsos é também a história da escrita de um livro com o mesmo título, revelando-se estranhamente adequado quando o seu autor é confrontado com um esquema de distribuição de dinheiro falso. Refletindo sobre o valor de uma moeda que não é verdadeira, o autor observa que este é uma questão de perceção e que nada tem que ver com a realidade.
Metáfora para aqueles que fingem ser o que não são, o título da obra de André Gide aponta para a hipocrisia e decadência da alta sociedade francesa do início do século XX, que o autor denuncia. O romance destaca-se ainda pela forma como aborda o tema da homossexualidade, central na obra do importante escritor francês, Prémio Nobel de Literatura em 1947, e como desafia a estrutura convencional do romance.
Uma das obras capitais de André Gide, que antecipa algumas das tendências fundamentais da narrativa contemporânea, Os Moedeiros Falsos tem agora uma nova edição pela Bertrand Editora, com tradução do francês de Isabel St. Aubyn. O livro chega às livrarias a 21 de março.
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«Gide era um grande romancista da nossa época… Os Moedeiros Falsos é um dos melhores livros que tenho lido. E tudo isto porque Gide sabia escrever, porque o seu espírito sabia explorar… Pensava o que queria e dava forma às suas curiosidades.» John Steinbeck
«Interpretar os dilemas sociais nos termos mais pessoais. Foi, acima de tudo, isso que tornou Gide tão representativo. E, no entanto, Gide não o teria alcançado sem o talento que é tão importante entre os franceses: se não tivesse sido um extraordinário virtuoso da prosa, se não possuísse um estilo único, capaz de todas as nuances e tão persuasivo que o fez triunfar sobre os mais diversos temas.» Thomas Mann