«Este livro conta a história de uma cientista portuguesa com uma projeção única a nível internacional», escreve o autor no arranque do livro Elvira Fortunato – Uma vida de paixão pela ciência. Durante mais de três décadas como jornalista do Expresso, Virgílio Azevedo acompanhou o mundo da ciência, o que lhe permitiu seguir de perto, ao longo de quase vinte anos, uma das maiores figuras do panorama nacional nesta área: Elvira Fortunato.
Esta obra não é só uma biografia, explica o autor, «é, antes de mais, uma história de sucesso». Entre 2022 e 2024 assumiu o cargo de ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior no terceiro governo de António Costa e o seu nome terá ficado mais familiar dos portugueses. Mas por esta altura estava já para trás uma vida dedicada à investigação e à ciência, à inovação e à procura constante de soluções e de aplicações para as descobertas que vai desenvolvendo com as equipas que lidera. É pioneira mundial na eletrónica de papel, sendo a criadora do transístor de papel, e especialista em transístores, memórias, baterias, ecrãs transparentes, antenas e painéis solares leves, flexíveis e portáteis. Foi ela que desenvolveu o primeiro ecrã do mundo totalmente transparente e produzido com materiais sustentáveis, assim como participou na criação de painéis fotovoltaicos portáteis, leves e flexíveis que podem ser aplicados em qualquer dispositivo eletrónico.
«Aos 60 anos de idade a investigadora continua muito ativa, interventiva e com novos projetos e ambições», escreve 0 autor na introdução, dizendo ser impossível, por vezes, não contar igualmente a história de Rodrigo Martins, o marido de Elvira e também Professor catedrático na mesma universidade. «Estão, na verdade, unidos por um casamento na vida pessoal e na vida académica que lhes dá grande reconhecimento internacional e, em particular, na Comissão Europeia.»
Num estilo direto, contando com testemunhos de quem com ela convive e trabalha, o jornalista Virgílio Azevedo conta-nos esta história de sucesso que pode ser inspiradora para os jovens, em especial as jovens estudantes, e para as mulheres em geral apostarem na carreira científica. Elvira Fortunato é a prova de que uma mulher em Portugal pode alcançar uma carreira científica brilhante, mesmo em áreas como a microeletrónica, em que o nosso país estava pouco desenvolvido. E é também um caso exemplar de uma menina nascida numa família modesta que conseguiu chegar muito longe em termos profissionais e sociais.
O livro está dividido em cinco capítulos, começa com «As Origens» e termina com «O Futuro», onde o autor deixa a pergunta: «A caminho do Prémio Nobel da Física?». Elvira Fortunato diz que não trabalha para prémios, mas a verdade é que já conquistou muitos. Conta o autor que, numa entrevista ao Expresso em 2020, lhe perguntou se atingir o que de melhor se faz no mundo estava ao alcance da sua equipa de investigação. «Nunca tive complexos de superioridade nem de inferioridade. Se um japonês ou um americano conseguem, nós também conseguimos», respondeu-lhe.