«Saí da universidade com uma ideia de justiça cheia de nobreza e dignidade. Bem cedo me apercebi do quanto de utópico estava na minha cabeça de jovem idealista. Percebi que existia uma grande diferença entre os princípios e a sua aplicação concreta», escreve o autor, que esteve no centro de alguns dos casos mais mediáticos da Justiça portuguesa no século XX, entre os quais se destacam o caso da herança Sommer, o de Roberto Carneiro ou o de Leonor Beleza.
«Ao longo dos anos, fui-me apercebendo de como o universo das magistraturas albergava de tudo: inteligentes e estúpidos, bem-intencionados e malandros, mentes abertas e mentes preconceituosas, pessoas corajosas e cobardes. E, pior do que tudo, era um sistema pouco capaz de fazer uma triagem e seleção que melhorasse o resultado final», denuncia, com a autoridade que uma vida dedicada à política lhe concede.
Com prefácio de Leonor Beleza, Justiça, Política e Comunicação Social é um corajoso livro de memórias de uma figura proeminente no último meio século em Portugal. «Foi um longo e doloroso processo de desencantamento que fui sofrendo, desde o jovem idealista que era quando comecei ao reformado que hoje sou.» Nas livrarias a 7 de abril.